terça-feira, 19 de maio de 2009

POESIA

Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não

Porque os outros usam a virtude

Para comprar o que não tem perdão.

Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados

Onde germina calada a podridão.

Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem

E os seus gestos dão sempre dividendo.

Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.

Porque os outros calculam mas tu não.”

“No Tempo Dividido e Mar Novo”, Edições Salamandra, 1985, p. 79”

Escolhi um poema da Sophia de Mello Breyner Anderson porque li os seus livros para crianças, enquanto era criança, obviamente, e adorei lê-los. Foi uma autora que já me tinha acompanhado antes no meu percurso escolar e tem sido sempre uma óptima experiência que achei por bem repetir.

Escolhi este poema “porque” mal o li despertou em mim um sentimento de semelhança e, embora o mais provável seja que o significado que o sujeito poético lhe atribui seja totalmente diferente daquele que eu atribuo ao poema, senti uma proximidade que me levou a escolhe-lo, analisa-lo e declama-lo.

Análise formal:

-nº de estrofes: 4

-versos: uma quadra e três tercetos

-rima: pura, rica, interpolada.

-métrica: oscila entre 10 e 12 sílabas, decassílabos e alexandrinos.

-figuras de estilo: metáfora

Porque os outros são os túmulos caiados”

“E os seus gestos dão sempre dividendo.“

“Porque os outros vão à sombra dos abrigos

E tu vais de mãos dadas com os perigos.”

Análise do conteúdo:

Na minha opinião esta poema ou é um apelo do sujeito poético ao povo em geral para que não se entregue à falsidade, à corrupção, à busca do caminho simplesmente mais fácil, pois não sugere nenhum “receptor” concreto ou então é uma mensagem para um sujeito concreto desconhecido, uma espécie de dedicatória em que justifica a razão pela qual o/a eleva a um nível acima de todos os outros que os rodeiam.

Já que este poema foi escrito em 1958, ano em que Humberto Delgado se candidatou a presidente da republica e perdeu por fraude eleitoral, e a poeta era uma forte activista contra o estado novo penso que este poema pode ser dedicado a Humberto Delgado como a quaisquer outros que lutaram pelo poder Salazarista.

Tirado do contexto político-social em que está inserido, o poema transforma-se numa espécie de opinião e celebração daqueles que a seguem.

O “porque”, aparecendo repetidamente, mostra ser uma marca de justificação mas também de continuidade e regularidade, os porquês que o sujeito poético apresenta sugerem, para além do elemento de sinceridade profunda, um “ódio” à hipocrisia, à mentira, à cobardia, à corrupção e admira quem as combate, evita e opõe com “acções mais nobres”.

O sujeito poético valoriza a frontalidade e a coragem de quem é quem é sem medos, a coragem de assumir os erros e dizer a verdade sem recear as inconveniências, a integridade e a lealdade para com valores verdadeiros e fixos;

Valoriza alguém que arrisca, e arrisca com todo o seu coração e todo o seu ser, sem precisar de ser calculista ou ter garantias.

Para mim este poema descreve a maneira certa de agir e proteger aquilo em que acreditamos, independentemente do que isso seja.

quarta-feira, 10 de dezembro de 2008

Auto-avaliação: ESCREVER

Acho que fui capaz de cumprir aquilo a que me propus. Talvez não o tenha feito na perfeição mas penso que o meu texto argumentativo segue as alineas auto-propostas visto que o texto está organizado de acordo com a estrutura do texto/discurso argumentativo fazendo uso dos parágrafos para separar as diversas fases do discurso bem como os diferentes argumentos entre si. É também um texto muito acessivel, preenchendo então o requesito da intencionalidade comunicativa.

Texto Argumentativo - FINAL

(o texto original e inicial será entregue em papel porque não tive a oportunidade de o digitalizar visto que não tenho scanner em casa)
Texto Argumentativo

“Será que o mau português dos jovens se deve à maneira como escrevem nas SMS’s ?”

Introdução: Contém a tese e uma breve iniciação ao tema.

Independentemente de bom ou mau, o português escrito nas SMS’s tem que ser fácil e acessível. Principalmente para quem escreve, para que o possa fazer o mais rapidamente possível.
Temos três tipos de escrita no que toca a SMS’s:
-Encriptado
-Abreviado
-Com dicionário
Desenvolvimento: Contém a argumentação que defende ou refuta a tese. São usados vários argumentos a favor e contra, acompanhados dos respectivos exemplos, abrindo caminho para a conclusão.

O “Encriptado” vem como moda e consiste, basicamente, no exagero das abreviaturas, ligado ao excessivo uso de símbolos, bonequinhos e afins. Ou então, pior ainda, na invenção de uma nova escrita, quase...
Uma mensagem tão simples como: “ Olá, então tudo bem contigo ? Olha preciso de saber se sempre podes vir almoçar comigo – responde rápido sff. Beijinhos”, transforma-se em: “ola tao td bm ctg ??? olh pxiso d sbr s smp pdx vir almçr cmg :s rsp rpd sff bjs”, ou então: “olah entaum tudu beim ctguu ?!?!? olhah pxixuh d sabere se smpeh podx vire almuxar cmguu !!! pxpndeee rpiduu sff beijinhuuux”.
Eu acho que escrever assim demora bastante tempo e exige um certo esforço mental, mas não se pode, por certo, dizer que não é original... Se é bom português ? NÃO ! Por isso, se alguém se habitua a escrever desta forma tão... original, pode ser um problema no que toca à escrita à séria.
Quanto aos estilos que têm como objectivo base o “facilitanting”: abreviado e dicionário.
Na minha opinião, o uso destes depende da pessoa e do seu gosto – obviamente, e depois então da sua classe social e dos grupos em que se insere, da sua faixa etária (mesmo mantendo-se no tão aclamado grupo dos “jovens”), dos hábitos que adequiriu, das modas a que aderiu, como escrevem as pessoas que lhe mandam sms’s, etc.
Retomando o exemplo acima citado, a mesma mensagem abreviada deverá ter esta grafia: “Olá tão td bm ctg ? Olha preciso d sabr s smpre pods vir almoçr cmg. Rspond rápido sff. Bjs” e a escrita com a ajuda do dicionário do telefone terá a seguinte grafia: “olá, então tudo bem contigo ? Olha preciso de saber se sempre podes vir almoçar comigo. Responde rápido se faz favor. Beijinhos.”
Parece óbvio que a maneira mais correcta de escrever é com a ajuda do dicionário, mas a verdade é que ao fazê-lo a pessoa habitua-se a escrever e a esperar que o telefone a corrija, não pensando verdadeiramente em como está a escrever nem em como se escrevem as palavras.
A escrita abreviada pode induzir a erros desnecessários e ao esquecimento de algumas vogais no meio e no fim das palavras.
Reforço que tudo isto depende da pessoa e da sua capacidade escrita, mas acredito e compreendo quando dizem que quem escrever mal, passa a escrever pior sob a influência da escrita usada nas mensagens escritas.
Não há duvida que o difícil é transferir da folha para o telemóvel a estrutura do texto: não há parágrafos, muitas vezes a acentuação não está completa, é difícil seguir uma linha de escrita num mini-ecrã, o que leva a erros de concordância ridículos entre as frases. Mas isto é pouco controlável no telemóvel e facilmente recuperável na folha de papel.

Conclusão: a tese é retomada e a opinião do autor é exposta apresentando soluções e conclusões.

Penso que a qualidade da escrita utilizada nas mensagens escritas é extremamente fraca, mas não pode ser “desculpa” para o mau português dos jovens: este é fruto do mau ensino, da falta de cultura e interesse vividos no país e da falta de empenho e valorização do assunto em questão.

Maria Correia

Critérios de auto-avalição: ESCREVER

Os aspectos a que me propus e tentei melhorar foram: organizo o texto com coerência, articulando as partes do discurso com intencionalidade comunicativa e construo correctamente parágrafos e periodos.